
Antônio Carlos Cerezo, mais conhecido como Toninho Cerezo, foi um dos principais jogadores na história do Clube Atlético Mineiro. Entre os anos de
1974 e
1983, conquistou nove títulos e participou de duas Copas do Mundo. Aos 42 anos de idade, voltou ao
Galo para fazer sua partida de despedida na
Copa Centenário de Belo Horizonte.
Início de Carreira
Iniciou sua carreira longe das bolas. Filho de atores, desde pequeno já se apresentava em companhia do pai, o palhaço Moleza, em circos montados pela periferia de Belo Horizonte e em programas da extinta TV Itacolomi. Aos oito anos de idade, Toninho sofreu com a perda do pai, mas continuou se apresentando nos picadeiros com a mãe, para a sobrevivência de sua família. A carreira circense só foi encerrada sete anos mais tarde, quando foi descoberto por um olheiro do Atlético jogando em campos de várzea jogando pelo time do Ferroviário, no bairro Esplanada. Em
1972, estreou na equipe júnior do
Galo. Aos 17 anos, chegou a ser emprestado ao
Nacional do Amazonas para adquirir experiência. "No júnior do Atlético eu ganhava cem cruzeiros. Fui para Manaus ganhando mil. No dia em que recebi o primeiro ordenado, fiquei bobo. Mil pratas! Era demais, para mim que nunca tinha visto mais de cem, e que nunca tinha podido ajudar a mamãe. Peguei a grana e fui para o banco. Tirei cento e cinquenta e mandei o resto para Belo Horizonte. Na hora em que despachei o dinheiro, não resisti: estava mandando o primeiro dinheiro para minha casa. Chorei lá mesmo, no banco," lembrou o ex-jogador. No
Nacional-AM, aprendeu a superar crises e jogar firme e tranquilo.
Barbatana, então técnico do
Nacional-AM, confiou no futebol de Cerezo e o mandou de volta para Belo Horizonte, onde
Telê Santana, então técnico do
Galo, o esperava para ocupar a reseva. No início, Toninho entrava e saía. Ainda não era capaz de atender as necessidades do time, tudo uma questão de tempo. Aos poucos foi conquistando a confiança da torcida e de
Telê.
Estreia como Profissional pelo Galo
Voltou ao
Galo em
1974. Ganhou a posição de titular no time alvinegro onde vestiu a camisa 8 por dez anos consecutivos. Neste período, foi seis vezes campeão mineiro (
1976,
1978,
1979,
1980,
1981,
1982), duas vezes vice-campeão brasileiro (
1977,
1980). Foi considerado herói na conquista do
estadual de 1976 acabando com a hegemonia de quatro anos do rival
Cruzeiro. Ao lado de
Reinaldo, formou uma das maiores linhas de ataque de todos os tempos do Clube Atlético Mineiro. Somente a presença dos dois em campo bastava para intimidar os adversários. Foi com essa grande dupla no ataque que a conquista do
Mineiro em
1981 tornasse realidade. Como capitão do time, Cerezo ficou conhecido por ser um capitão da paz. Dois fatos culminaram nesse apelido. Primeiro, quando o ex-goleiro
Ortiz reapareceu, após abandonar o clube, ficou sem direito a salários e foi proibido de treinar. Foi Cerezo quem conseguiu uma licença para que
Ortiz voltasse aos treinos - ainda que em separado - e comandou uma coleta de dinheiro para ele comer e pagar hotel. O segundo episódio aconteceu quando o jogador
Nei Dias ameaçou o técnico
Procópio de morte e só voltou ao time por influência de Cerezo.
Passagens pela Seleção Brasileira
Em
1978, mostrando um grande futebol, Cerezo foi convocado para defender o
Brasil na Copa do Mundo da Argentina. Após a volta desse Mundial, a carreira de Toninho de consolidava no Brasil inteiro, mas também foi a causa de uma suposta crise de estrelismo, segundo os críticos da época. Seu futebol, por uns tempos, caiu de rendimento. Porém, Toninho sempre treinou em busca da perfeição. Com objetivos bastante definidos, em
1982, Cerezo foi novamente convocado para integrar a
Seleção no Mundial da Espanha, desta vez pelo técnico
Telê Santana. Sua escalação, em
82, envolveu uma série de polêmicas, já que o jogador havia sido expulso num jogo contra a Bolívia nas eliminatórias. Já tendo cumprido punição em dois jogos oficiais, faltava apenas um, exatamente a primeira partida da
Seleção no Mundial. Apesar de não ter conseguido anular sua punição, Cerezo voltou para os outros jogos como titular absoluto. Formou ao lado de Falcão, Sócrates e Zico um dos melhores meio-campo da história do futebol mundial. Porém, devido a uma falha no jogo contra a Itália, Cerezo sofreu duras críticas por ter sido responsável pelo gol italiano que eliminou a
Seleção Brasileira do Mundial por 3 a 2.
"Reconheço o passe errado no fatídico jogo contra a Itália, mas faço questão de ressaltar que o Brasil não foi eliminado somente por aquele lance", defendeu-se Toninho Cerezo.
Carreira Internacional
Saiu do Atlético em
1983 indo jogar no
Roma da Itália, negociado por US$ 10 milhões, mesmo valor da transferência de Zico para a Udinese, clube também italiano. O frio e as diferenças culturais encontrados por Cerzeo na Itália foram grandes barreiras que impediram o jogador de repetir o mesmo sucesso conquistado em Belo Horizonte, mas ajudou o clube a conseguir duas Copas da Itália em
1984 e
1986. Logo após os títulos, em agosto de
1986, Toninho Cerezo se transferiu para o Sampdoria-ITA, onde brilhou novamente. Lá, ganhou o apelido de Pluto, lembrando o cachorro do Mickey, por suas passadas largas e desajeitadas. Conquistou um Campeonato Italiano e mais duas Copas da Itália.
Retorno ao Brasil
Retornou ao Brasil em
1992, jogando pelo
São Paulo e presente nas duas campanhas de títulos mundiais do tricolor em Tóquio, em
92 e
93. Saiu do clube paulista ainda para atuar pelo
Cruzeiro, em
1994, pelo
Palmeiras, em
1995 e pelo
América mineiro em
1996. Para encerrar a carreira, retornou ao Atlético em
96/
97, onde foi campeão da
Copa Centenário de Belo Horizonte em
1997. A sua partida de despedida foi um empate em
2 a 2 com o
Milan da Itália.
Ao todo fez 400 jogos pelo
Galo marcando 53 gols. Após encerrar carreira como jogador, Cerezo tornou-se técnico chegando a comandar o
Galo no início de
1999.
Ficha Técnica
Nome: Antônio Carlos CerezoPosição:
Meio-campoData de Nascimento:
21 de abril de
1955Local: Belo Horizonte-MG