O raio do Atlético Mineiro caiu duas vezes no mesmo lugar. Depois de reverter grande desvantagem na semifinal, o time do técnico Cuca voltou à carga na noite desta quarta-feira ao anular a vitória do Olimpia por 2 a 0, no jogo de ida, com um triunfo pelo mesmo placar no tempo normal, um 0 a 0 na prorrogação e o salvador 4 a 3 nos pênaltis. A mais nova virada histórica do Atlético assegurou o inédito e sonhado título da Copa Libertadores, em um lotado Mineirão.
Como aconteceu no duelo da semifinal, o Atlético sofreu em campo e levou à torcida ao desespero. Apesar da pressão constante, o time mineiro só chegou ao primeiro gol no início da segunda etapa, com Jô. O segundo veio apenas aos 41, da cabeça do zagueiro Leonardo Silva. Depois de uma prorrogação desgastante, os brasileiros conquistaram a Libertadores nos pênaltis pelo placar de 4 a 3.
A final desta quarta não foi histórica apenas em razão do título inédito do Atlético. A segunda partida da decisão contou com um recorde de renda: R$ 14.176.146,00. A cifra é superior ao dobro da marca anterior, de R$ 6.948.710,00, registrada também neste ano, no duelo entre Flamengo e Santos, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
O JOGO - Novamente sob pressão, o Atlético começou a partida desta quarta do mesmo jeito que terminou o segundo jogo da semifinal, contra o Newell's Old Boys: atacando de forma desesperada. Logo aos 2 minutos Diego Tardelli já criava grande chance de gol ao levantar na área. Bernard e Jô não conseguiram completar a jogada.
Até Ronaldinho, apagado no Paraguai, contribuía de forma mais efetiva. Aos 9, acertou bom chute de fora da área e exigiu boa defesa do goleiro Martín Silva. No minuto seguinte, Réver tentou de cabeça, para fora. O Atlético dominava com facilidade - chegou a ter 70% de posse de bola no primeiro tempo - e dava esperanças à torcida.
Mas, aos poucos, passou a repetir os erros do jogo de ida. As jogadas ofensivas se restringiam ao lado direito, com o lateral Michel, Tardelli e, desta vez, até Bernard, suspenso no primeiro jogo. A insistência por este lado facilitou a marcação paraguaia, que não teve maior problema para neutralizar as investidas.

O Atlético terminou o primeiro tempo assustado com as investidas perigosas do rival. Nas arquibancadas do Mineirão, a torcida alternava desânimo e desespero. O medo, contudo, foi rapidamente substituído por novos gritos de "eu acredito" assim que o segundo tempo começou.
Antes de o cronômetro completar o 1º minuto, a torcida já comemorava o gol de Jô. O atacante aproveitou furada de Pittoni dentro da área para completar cruzamento de Rosinei, que acabara de entrar em campo, no lugar de Pierre. Com seu sétimo gol, Jô garantia a artilharia da Libertadores.
Além de colocar Rosinei, Cuca trocou Tardelli e Michel por Luan e Alecsandro. O poder ofensivo do Atlético aumentava na mesma medida da afobação das jogadas e do desespero da torcida. A pressão atleticana aumentava a cada minuto até atingir o limite com o chorado segundo gol.
Aos 41, Bernard cruzou da direita na área e Leonardo Silva subiu mais alto para colocar a bola no canto esquerdo de Martín Silva, batido no lance. Dois minutos antes, Manzur havia recebido o segundo cartão amarelo, e o consequente vermelho, deixando o Atlético com um a mais em campo nos instantes finais da etapa final e da prorrogação.
O tempo extra foi um duelo franco entre o ataque atleticano e a defesa paraguaia. O Olimpia abdicou de atacar, satisfeito apenas em catimbar e manter a posse de bola, em busca dos pênaltis. O time mineiro, por sua vez, seguia bombardeando o gol de Martín Silva. Na melhor chance da prorrogação, Réver acertou o travessão.
A bola, contudo, não voltou a balançar as redes enquanto o cronômetro registrava o tempo da partida. E os dois times, sem esconder o desgaste, decidiram o troféu nas penalidades. O Atlético levou a melhor ao converter todas as quatro cobranças que teve, com Alecsandro, Guilherme, Jô e Leonardo Silva, e ver o Olimpia desperdiçar duas finalizações. Victor fez uma defesa e Giménez mandou na trave, selando a sonhada conquista atleticana e a vaga no Mundial de Clubes da Fifa.
FICHA TÉCNICA:
ATLÉTICO-MG 2 (4) x (3) 0 OLIMPIA
ATLÉTICO-MG - Victor; Michel (Alecsandro), Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre (Rosinei), Josué, Ronaldinho e Diego Tardelli (Luan); Bernard e Jô. Técnico: Cuca.
OLIMPIA - Martín Silva; Mazacotte, Manzur, Miranda; Candia, Pittoni, Aranda, Nelson Benítez e Alejandro Silva (Giménez); Salgueiro (Baez)e Bareiro (Juan Ferreyra). Técnico: Ever Hugo Almeida.
GOLS - Jô, a 1 minuto, e Leonardo Silva, aos 41 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Bernard, Benítez, Salgueiro, Martín Silva, Luan.
CARTÃO VERMELHO - Manzur.
ÁRBITRO - Wilmar Roldán (Colômbia).
RENDA - R$ 14.176.146,00.
PÚBLICO - 56.557 pagantes (58.620 no total).
LOCAL - Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG).


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